A vida religiosa para Marx
A mesma determinação do social
sobre o particular pode ser sentida em uma das últimas obras de Durkeim: As
formas elementares da vida religiosa. Neste livro, a partir da análise
do totemismo australiano, Durkeim procura elaborar uma teoria sociológica da
religião. Nesta teoria, todas as religiões são constituídas pela divisão da
realidade em duas esferas: a sagrada e a profana. Em Durkeim, a superioridade
da esfera do sagrado não passa de uma percepção difusa que os homens têm da
força do social sobre eles mesmos. A religião é a sociedade transfigurada. Mais
uma vez, é a sociedade que é superior ao indivíduo e a religião não passa de
crenças e seus ritos, esta obra também desenvolve uma teoria sociológica do
conhecimento mostrando que a capacidade do homem em explicar o mundo ao seu
redor tem origem na sociedade que serve de modelo para este processo. Por fim,
há autores que reconhecem na Formas Elementares também uma nova forma de
teorizar a realidade social em seu conjunto. A religião serviu para que ele
demonstrasse a centralidade das representações coletivas na vida social,
evidenciando que o domínio social é essencialmente simbólico. Nesta terceira
dimensão, a sociologia da religião de Durkeim assume a dimensão de uma nova teoria
sociológica.
Para realizar suas pesquisas na
área da teoria sociológica da religião, Durkeim parte daquela que considera como sendo a mais
simples das religiões dentro do processo evolutivo: o totemismo.Esta religião
encontrada em vários grupos sociais australianos, não foi estudada diretamente
por Durkeim, que se serviu de relatos históricos e antropológicos para chegar
às suas conclusões. Através do estudo do totemismo, acreditava ele, poder-se-ia
aplicar as conclusões das pesquisas para a compreensão de todas as religiões,
mesmo aquelas mais evoluídas e complexas.
Segundo Durkeim, a essência da
religião está na distinção da realidade em duas realidades distintas: a esfera
sagrada e a esfera profana. A esfera sagrada se compõe de um conjunto de coisas,
de crenças e de ritos que formam certa unidade que podemos chamar de religião.
Como diz o próprio Durkeim (2003, p.19).
A religião envolve tanto o
aspecto cognitivo ou cultural (crenças) quanto o material ou institucional
(ritos) da esfera sagrada. Quando as crenças religiosas são compartilhadas pelo
grupo, temos o que o pensador chama de “igreja”. Quanto à esfera profana,
trata-se daquele conjunto da realidade que se define por oposição ao sagrado,
constituindo, em geral, a esfera das atividades práticas da vida: economia,
família, etc.
Livro: Sociologia Clássica
Autor: Carlos Eduardo Sell
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