30 de jan. de 2015



A vida religiosa para Marx


A mesma determinação do social sobre o particular pode ser sentida em uma das últimas obras de Durkeim: As formas elementares da vida religiosa. Neste livro, a partir da análise do totemismo australiano, Durkeim procura elaborar uma teoria sociológica da religião. Nesta teoria, todas as religiões são constituídas pela divisão da realidade em duas esferas: a sagrada e a profana. Em Durkeim, a superioridade da esfera do sagrado não passa de uma percepção difusa que os homens têm da força do social sobre eles mesmos. A religião é a sociedade transfigurada. Mais uma vez, é a sociedade que é superior ao indivíduo e a religião não passa de crenças e seus ritos, esta obra também desenvolve uma teoria sociológica do conhecimento mostrando que a capacidade do homem em explicar o mundo ao seu redor tem origem na sociedade que serve de modelo para este processo. Por fim, há autores que reconhecem na Formas Elementares também uma nova forma de teorizar a realidade social em seu conjunto. A religião serviu para que ele demonstrasse a centralidade das representações coletivas na vida social, evidenciando que o domínio social é essencialmente simbólico. Nesta terceira dimensão, a sociologia da religião de Durkeim assume a dimensão de uma nova teoria sociológica.
Para realizar suas pesquisas na área da teoria sociológica da religião, Durkeim parte  daquela que considera como sendo a mais simples das religiões dentro do processo evolutivo: o totemismo.Esta religião encontrada em vários grupos sociais australianos, não foi estudada diretamente por Durkeim, que se serviu de relatos históricos e antropológicos para chegar às suas conclusões. Através do estudo do totemismo, acreditava ele, poder-se-ia aplicar as conclusões das pesquisas para a compreensão de todas as religiões, mesmo aquelas mais evoluídas e complexas.
Segundo Durkeim, a essência da religião está na distinção da realidade em duas realidades distintas: a esfera sagrada e a esfera profana. A esfera sagrada se compõe de um conjunto de coisas, de crenças e de ritos que formam certa unidade que podemos chamar de religião. Como diz o próprio Durkeim (2003, p.19).
A religião envolve tanto o aspecto cognitivo ou cultural (crenças) quanto o material ou institucional (ritos) da esfera sagrada. Quando as crenças religiosas são compartilhadas pelo grupo, temos o que o pensador chama de “igreja”. Quanto à esfera profana, trata-se daquele conjunto da realidade que se define por oposição ao sagrado, constituindo, em geral, a esfera das atividades práticas da vida: economia, família, etc.

Livro: Sociologia Clássica
Autor: Carlos Eduardo Sell

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