MEU NOME É MULHER
Me chamaram Lucy, Eva, Maria.
Que importa o nome próprio
Por outros dado a mim no tempo.
Meu nome é mulher como me chamou
Meu criador com a missão recebida.
Estou feliz porque faço a felicidade
De todos por tudo que sou e represento.
Tenho em mim a delicadeza e o perfume
Das flores, a força e a determinação
Que a vida de mim brotada tem.
Como a água, sou usada e represada
Para irrigar as plantas humanas.
Fui fechada nos limites da casa familiar
Com a missão de economia doméstica,
Limitando minhas ambições, meus sonhos.
Vivi à sombra nos umbrais domésticos
Acumulando energias para a renovação
De um mundo machista e solitário.
E quando senti chegada minha hora e vez
Eis-me a serviço de nova sociedade.
Onde pulsa a vida e a necessidade
Do trabalho com eficiência e amor
Ali é meu lugar, renovando quadros,
Levando seriedade, dedicação e fé,
Servindo e dignificando as profissões.
Meu nome é mulher, frágil pela
Emoção, forte pela determinação,
Guerreira da honra e honestidade
Crente em Deus e na força do bem,
Amada e respeitada pelo que sou.
Meu reino é a família, mas a vaidade
Me acompanha, é meu feitio divino.
Deus me deu a beleza e o encanto
Que trago sempre desde que sonhei
com a igualdade de oportunidades
Paulo
Motta.
O CANTO DO SABIÁ
Há um sabiá que canta ainda de madrugada,
e me acorda fazendo-me levantar só para ouvir,
e então começo a cantarolar seu gorjeio, amo-o.
A música no canto dos pássaros é tão diversa,
é o jeito mais puro de entender a vida que é alegre,
programada a cada dia, com as razões de viver.
Á tarde, de novo canta o meu sabiá, num galho
que não vejo. Seu canto nostálgico, triste, mas forte,
demonstra a beleza da jornada que passou.
Ao por do sol seu último canto põe no coração
dos ouvintes um estado de espírito inexplicável.
Os pássaros sentem emoção, por isso cantam.
E o sabiá é tipicamente brasileiro, sentimental.
Sua cor é de uma modernidade reconhecida,
tais os tons degradês nele existentes, são belos.
Seu porte esbelto e ligeiro não gosta de fotos.
Preso na gaiola é um pecado, não merecia.
Seu cativeiro é triste para ele e para nós, não
canta como livre, com sua companheira saudosa.
Cantado por poetas célebres e decantados
são os versos, decorados e declamados com pompa.
É comparável ao rouxinol europeu, mas, modéstia
à parte o sabiá ganha de goleada do parceiro, com certeza.
Meu sabiá de minha infância feliz e marota
Ainda me lembras como gostava de te ouvir,
talvez porque me dizias que também eu deveria
voar para cantar meus cantos noutros galhos
que não os da minha família onde nasci e cresci...
e me acorda fazendo-me levantar só para ouvir,
e então começo a cantarolar seu gorjeio, amo-o.
A música no canto dos pássaros é tão diversa,
é o jeito mais puro de entender a vida que é alegre,
programada a cada dia, com as razões de viver.
Á tarde, de novo canta o meu sabiá, num galho
que não vejo. Seu canto nostálgico, triste, mas forte,
demonstra a beleza da jornada que passou.
Ao por do sol seu último canto põe no coração
dos ouvintes um estado de espírito inexplicável.
Os pássaros sentem emoção, por isso cantam.
E o sabiá é tipicamente brasileiro, sentimental.
Sua cor é de uma modernidade reconhecida,
tais os tons degradês nele existentes, são belos.
Seu porte esbelto e ligeiro não gosta de fotos.
Preso na gaiola é um pecado, não merecia.
Seu cativeiro é triste para ele e para nós, não
canta como livre, com sua companheira saudosa.
Cantado por poetas célebres e decantados
são os versos, decorados e declamados com pompa.
É comparável ao rouxinol europeu, mas, modéstia
à parte o sabiá ganha de goleada do parceiro, com certeza.
Meu sabiá de minha infância feliz e marota
Ainda me lembras como gostava de te ouvir,
talvez porque me dizias que também eu deveria
voar para cantar meus cantos noutros galhos
que não os da minha família onde nasci e cresci...
Paulo Motta
O Eu o Tu
Faz silêncio e ouvirás.
Fecha os olhos e verás.
O silêncio não é solidão
vazia, triste de ansiedade.
No silêncio das noites
brilham tantas estrelas
mostrando outros mundos
de sonhos e imaginações.
O silêncio das matas
é a conversa do vento
com as notícias do mundo
inefável, mas consciente.
O silêncio dos lagos fala
da necessidade de descanso
das águas das cachoeiras
e dos rios tão apressados
em chegar ao mar inquieto.
O teu silêncio é o caminho
para te encontrares contigo,
e preservar a unidade do ser.
Só o silêncio pode conter
o infinito por completo: Deus.
No silêncio encontrarás
a presença do Tu contigo,
a satisfação de um desejo
de uma busca recíproca
quase sempre retardada.
Paulo Motta
O PLANETA TERRA
Envolvido no líquido amniótico dos mares
contém o feto que nascerá para a eternidade:
a humanidade criada à imagem do Criador.
Vista à distância e melhor divisada, é toda azul
da cor do céu, atmosfera da vida existente.
Na obscuridade do universo ela é encantadora,
envolta em brancos véus de nuvens dançantes
mais parece uma jóia rara no escuro universo,
cuja presença esconde curioso mistério de luz
vinda de espaços estelares tornando-a colorida.
Os continentes são as embarcações flutuantes
entre oceanos profundos, gigantescos criatórios
da vida animal aquática onde reinam os tubarões
e as baleias que se alimentam da grande quantidade
de peixes menores indefesos e distraídos a nadar.
O planeta terra é sem dúvida o jardim de Deus
que desde a criação passeia por ele à procura
do homem,sua criatura predileta, com quem
dialoga, ensinando a viver na extensão do planeta.
Encantado com seu jardim o encheu de pássaros
cantantes e flores de beleza trazida do céu, pois
que em seus desígnios, seu Filho Unigênito viria
aqui plantar sua tenda e entre os humildes morar.
Desde então seu coração aberto pela lança cruel
é fonte de misericórdia, pulso deste mundo,
vértice do universo, caminho e luz no horizonte
do destino da criatura humana ungida em seu sangue. Paulo Motta
O DOM DE SI
As
borboletas e os colibris
adejam
as belas flores
à
busca do que nelas encontram
e as
flores nada perdem
de
sua beleza e de seu perfume.
A
vida é muito rica não só
para
as flores, mas para todas
as
criaturas do nosso planeta
que
vivem da reciprocidade
de
seus dons com outros partilhados.
Paulo
Motta
MULHER
Mulher pensa com o
coração
vence pela emoção
transmite com o olhar
tem alma de criança
se comove com a dor
alheia
sonha com o amor
vive servindo e
sorrindo
tem a ternura na alma
vive a beleza
perfuma o lar
acomoda a casa.
Sua fragilidade é sua
força.
Muda de opinião como
muda de roupa
porque é criativa e
sensível.
Companheira do homem
conquista dele o
coração.
Que mais? Quem a
entende
terá encontrado seu
tesouro.
Paulo Motta
NOSSO BARRACO
Quanta saudade e
grande emoção
ao me lembrar de um
tempo de minha vida.
Tu eras um cômodo
feito de material de forro,
dormia ali em
companhia de outro colega.
Éramos filósofos, ele
de formação, eu de vida.
Parecíamos uns
foragidos e éramos de fato,
saídos do seminário.
Foi o que conseguimos.
Moradia de candangos
intelectuais resignados.
O importante era
viver, melhor, descansar.
Riamos de nós mesmos
com tanta comodidade...
Chão de barro
cobertura de lona, fossa, água,
numa mangueira. Há que
saudade das colunatas
do seminário... mas
havia poesia. Barracão é bangalô!
Os sonhos. Cachorro
sem dono farejando lado de fora.
O tempo passa depressa,
viria o primeiro salário.
Estávamos em
Brasília, Asa Norte, proibidas as construções.
Desejamos sair à
noite, olhar o céu e as luzes da cidade.
Apesar de dois
marmanjos tínhamos medo de sair.
Nossa boa sorte é que
ninguém sabia nosso
endereço, nem os
Correios que são tão eficientes.
Mas nem tudo era uma
espécie de presídio
voluntário. Havia
batuques alegres, gente feliz,
em situação idêntica,
mas havia lá um violão.
Ó vida como és robusta
e te adaptas a todo lugar
e te contentas com
tão pouco e és mais feliz quando
o pouco te liberta
para os altos vôos do pensar
e admiras o mundo das
flores, das árvores, do vento,
libertando a criança
interior que vive no adulto
que tem saudades do
futuro e olha tudo com admiração.
Paulo Motta
O sal, o sol, o sul
Palavras e sons tão
semelhantes.
Quantas idéias se
escondem em cada uma;
sal do mar, retirado
para tempero,
para preservar as
coisas e a própria vida.
Jesus ensinou: somos
o sal da sabedoria
e da verdade divina
para a vida do mundo.
O sal possui mais
utilidades e benefícios
do que se imagina.
Todos os animais dele
precisam para sua
vida. Faz parte do receituário.
O sal foi símbolo de
destruição como
em Sodoma e Gomorra e
nas cidades antigas
destruídas, para não
renascerem.
Mas no mar onde se
imagina ter origem
a vida, é seu
depósito diluído na água
“Esfera reluzente,
ardendo em volúpias
de fogo sobre o
espaço humano”,
o sol, é a luz, o
centro de gravidade.
A palavra é pobre
para dizer toda grandeza,
de uma estrela,origem
do nosso planeta.
A sua ausência é o
escuro da noite,
seu retorno é o dia,
a alegria, a vida.
Gira a terra para que
todos os povos
possam conviver com o
sol e gozar
os benefícios dessa
estrela nossa de cada dia.
Foi tido como deus
pelos povos antigos
tal o seu significado
para nosso mundo
.
O sul é uma
realidade, lugar e espaço
que se
contrapõe ao norte, caracterizado
por diferenças
misteriosas e sagradas
sob o égide do sol e
aos movimentos
do planeta terra, acelerador, cheio
de significados para
as vivências humanas
bem caracterizadas e diferenciadas.
O espaço se faz tempo
e o tempo se faz vida.
O sul juntamente com
o norte constituem
as balizas do planeta
terra que se completam
com o leste e
oeste, compondo uma cruz
imaginária, tão grata
aos corações cristãos.
Paulo Motta
ROTINA
Passo todos os dias
pelos mesmos caminhos.
Vejo as mesmas coisa
mas não do mesmo modo.
Mudam meus olhos ou mudam o objetos?
Que assombro vendo diferenças
em coisas já vistas.
Não terei observado bem
ou há mais no Já visto?
As mudanças estão em mim
que não sou o mesmo a cada dia?
As coisas não são águas
que correm do ao mar,
águas passadas e o rio correndo.
Onde a semelhança?
Tudo muda, disse o filósofo,
mas muda em mim que vejo
ou mudam os objetos que vejo
eis a questão. Mas isso é demais...
Paulo Motta
NATAL
Natal das crianças,
natal do menino Jesus.
natal do papai Noel velhinho
todo vermelho
de barbas e saco às
costas com presentes.
Natal da missa do
galo para os cristãos.
Natal de músicas e festas e presentes
dados às crianças e
trocados entre amigos.
Quando começou esse
natal que eu só
vim a conhecer aos
doze anos, no seminário.
Com a visão de um
presépio pequeno e rústico
e à noite com a representação do
“Ultimo Natal”...
E eu morava numa
estação de estrada de ferro
onde as notícia
chegavam trazidas por viajantes.
Então, o natal era
assunto das cidades, ao tempo
em que os meios de
comunicação social
estavam começando a se difundir pelo rádio.
Mas nas aldeias de
colonos estrangeiros
esse dia místico era
conhecido e celebrado.
As crianças que não
viveram as alegrias
do natal em família e
na sociedade perderam
o encantamento de sua
idade, sem poder
recuperar ao longo de
suas vidas, porque
Natal só tem
significado com a presença
das crianças, com a Criança que trouxe
para elas o conto do seu
nascimento, festejado
por anjos, estrelas,
pastores e carneirinhos,
reis e camelos vindos
com presentes do Oriente.
Estranho é que
cristãos adultos não repassem
aos seus filhos
pequenos a história mais linda
de uma noite
estrelada quando Deus quis
ser criança para
brincar e ensinar a todos
que o céu é
das crianças e daqueles que
gostam delas e vivem
na simplicidade como elas.
Paulo Motta
A criação nos sonhos do homem
A natureza é linda e foi criada para que o homem cantasse o
seu
encantamento em poesia.
E o que o homem construiu foi visto pelo Criador com alegria,
pela criatividade do seu filho.
O ar e o mar, um através do vento o outro pelo bramido das ondas
não se calam e cantam.
A abóbada celeste emoldura o quadro da criação em azul tisnado
do branco das nuvens.
O firmamento ao ver o pequeno planeta azul cheio de vida e de
paisagens, brilha às noites,
se mostrando no emaranhado de suas constelações de fogo luminoso
aos olhares humanos.
Urge buscar o itinerário do amor que a tudo dá sentido e
navegar os mares do infinito.
Sonhar e mergulhar nos abismos do ainda desconhecido e encher os
olhos da alegria do encontro
e encher as mãos das riquezas das novidades que o nosso planeta
guarda como presentes
para os aventureiros e madrugadores do futuro, construído a cada
dia como tarefa da inteligência.
Se eu não falasse, encheria o meu coração do silêncio guardado
comigo na imobilidade avarenta.
Paulo Motta.
encantamento em poesia.
E o que o homem construiu foi visto pelo Criador com alegria,
pela criatividade do seu filho.
O ar e o mar, um através do vento o outro pelo bramido das ondas
não se calam e cantam.
A abóbada celeste emoldura o quadro da criação em azul tisnado
do branco das nuvens.
O firmamento ao ver o pequeno planeta azul cheio de vida e de
paisagens, brilha às noites,
se mostrando no emaranhado de suas constelações de fogo luminoso
aos olhares humanos.
Urge buscar o itinerário do amor que a tudo dá sentido e
navegar os mares do infinito.
Sonhar e mergulhar nos abismos do ainda desconhecido e encher os
olhos da alegria do encontro
e encher as mãos das riquezas das novidades que o nosso planeta
guarda como presentes
para os aventureiros e madrugadores do futuro, construído a cada
dia como tarefa da inteligência.
Se eu não falasse, encheria o meu coração do silêncio guardado
comigo na imobilidade avarenta.
Paulo Motta.
AMAR É O NOSSO DESTINO
Amar é o nosso único destino.
Ninguém pode disso duvidar.
É mandamento primitivo e divino,
Procurarmos no outro nos realizar.
Entregando-nos ao amor do parceiro
sentiremos que o gosto feliz de doar
sempre a nós volta como
paradeiro
dessa permuta de reciprocidade sem par.
Procuremos trilhar por esse caminho
a que fomos pela natureza destinados,
vivendo de coração aberto, com carinho.
Os que vivem como irmãos são afortunados.
Foge do amor quem a si mesmo se busca
fazendo dos outros objetos descartáveis, lixo,
então diz não à vida, e seu destino ofusca,
não se realizando racional, mas como bicho.
Ensinar amar é tarefa única da nossa família.
Se esta falha, o filho não conseguirá ser feliz
nas circunstâncias da vida, que de Deus é filha.
Ele presente, a consciência a verdade sempre diz.
O divino Mestre o legado nos deixou:
Amai-vos uns aos outros como vos amei.
Nisto todos conhecerão que convosco estou.
Então, em vós, glorificado eu me sentirei.
Só o amor dá sentido à vida e o amor é gente
que vive e sente e busca e retribui o que recebe
abrindo os horizontes da solidariedade quente
onde cada um da fonte das águas da paz bebe.
AMAR É O NOSSO DESTINO
Amar é o nosso único destino.
Ninguém pode disso duvidar.
É mandamento primitivo e divino,
Procurarmos no outro nos realizar.
Entregando-nos ao amor do parceiro
sentiremos que o gosto feliz de doar
sempre a nós volta como
paradeiro
dessa permuta de reciprocidade sem par.
Procuremos trilhar por esse caminho
a que fomos pela natureza destinados,
vivendo de coração aberto, com carinho.
Os que vivem como irmãos são afortunados.
Foge do amor quem a si mesmo se busca
fazendo dos outros objetos descartáveis, lixo,
então diz não à vida, e seu destino ofusca,
não se realizando racional, mas como bicho.
Ensinar amar é tarefa única da nossa família.
Se esta falha, o filho não conseguirá ser feliz
nas circunstâncias da vida, que de Deus é filha.
Ele presente, á consciência a verdade sempre diz.
O divino Mestre o legado nos deixou:
Amai-vos uns aos outros como vos amei.
Nisto todos conhecerão que convosco estou.
Então, em vós, glorificado eu me sentirei.
Só o amor dá sentido à vida e o amor é gente
que vive e sente e busca e retribui o que recebe
abrindo os horizontes da solidariedade quente
onde cada um da fonte das águas da paz bebe.
Paulo Motta
ABRAÇO DA ÁRVORE
Plantada uma muda de árvore,
crescendo seus galhos abertos, caídos,
foram amarrados um ao outro.
A árvore cresceu, os galhos engrossaram
e abraçados ficaram com rigidez.
Os passantes admiram com estranheza
o capricho da natureza em demonstração
de um amor vegetal tão raro.
Os hábitos da juventude não mudam
quando chega a idade adulta.
Pode parecer estranho, mas é assim,
a natureza das árvores e dos homens.
Paulo Motta
AS GARÇAS SE FORAM
Assentadas em bando nas
árvores
do parque do zoológico, em
frente
ao meu apartamento lá estavam
elas domiciliadas e
sobrevoando
nas manhãs de sol para
admiradores
dos prédios vizinhos e dos
passantes
apressados ou contemplativos
da beleza
de nuvens de aves, paisagem à parte
circuito do Cooper obrigatório
paisagens e cenas do
cotidiano dirão.
Mas hoje não estão presentes
onde ficavam.
Para onde foram, voando em
bando?
Foram saindo de mansinho para
não serem
percebidas e perseguidas
pelos olhares costumeiros?
Quando pousadas enchiam de
algodão as árvores.
Se voando levavam para o alto
os sonhos,
saudando com suas asas em
brancos lenços
que o vento levava bem leve,
saudosos.
A despedida não assistida não
foi um adeus?
Voltarão? Esperamos que sim,
foram
veranear e exibir seus voos
brancos
noutras paragens. Ficou em
cada olhar
a saudade gravada de um branco
espetáculo.
Paulo Motta
Junho/2014
A ESTRADA DE FERRO
NA MINHA VIDA
Nasci entre os trilhos da estrada
de ferro. Os trens marcavam as horas do nosso dia. Perdemos animais vadios,
mortos pelos trens...
A estação era o ponto de encontro
das pessoas e as notícias e os jornais por ali chegavam. Peguei carona nos trens
e pulei deles em velocidade com perigo de me machucar, mas me acostumei.
Ganhava dos maquinistas lenha e
carbureto, com este colocava em poça d’água
para estourar. Um tio tinha café para os passageiros, o leite era com sal... Minha
mãe me mandava vender doces e salgados aos passageiros dentro dos vagões, vender
mesmo eu não conseguia, pois tinha vergonha de oferecer... Meu pai era o dono
da chegada e partida dos trens, tanto da chegada como da saída que eram
anunciadas por um sino que eu gostava de tocar com autoridade. Vezes havia que
algum trem passava direto, então, meu pai me deixava empunhar uma bandeira
verde. Os trens passaram, os trilhos ficaram em seus lugares, mas dentro de
mim, os apitos e a fumaça ainda estão me dizendo que os trens voltam porque
esperados, pois o menino daquele tempo ainda sou eu mesmo.
Paulo Motta
Bendita a vida...
Rios somos em nossa vida e corremos paralelos.
Somos amigos...
Que bom corrermos juntos para as grandes águas do Mar
que buscamos sem cessar,
tanto alimento em nossas águas
para alimento nosso e das comunidades que lançam
suas redes e se alegram com os frutos nos rios existentes,
com fartura de amor, compreensão e amizade.
Somos criadores de vida, distribuidores de dons
para os que navegam nas águas de nossa vida,
ou que mourejam ao longo de nossa existência
integrando a paisagem dos rios das nossas vidas
e bendizem o que somos e temos a lhes oferecer
como o milagre da multiplicação que o criador opera
através de nós.
Bendita a vida que não é vazia nem inútil,
como rios onde falta vida.
Paulo Motta
MEU
FLAMBOYANT
Hoje eu
acordei e quando olhei na janela do meu
quarto deparei-me com as flores rubras de um
flamboyant em meio às verdes árvores do
bosque do zoológico agitando meu pensamento que
voou até lá como pássaro. Foram
comovidos os beijos virtuais de amor.
À primeira
vista, vem uma poesia merecida, pela beleza
encantadora das flores tão rubras como púrpura
de rainha das matas e sonho dos corações
em fogo de paixão de juventude.
Sois, minhas
flores, símbolos ostensivos, lindos, da vitória da
vida real sobre os sonhos tidos, de um amor
vivido na busca de realização com a beleza
da mulher amada, flor da família.
Flamboyant,
de flores vestido, tu resplendes em pompa e
brilho nos palácios da natureza e no íntimo do
meu coração, como chamas de fogo que
desces como em Pentecostes, me
convencendo e me convertendo à missão de espalhar
em todas as partes onde estiver as belezas
da terra visitada pelas cores divinas.
Paulo Motta
A CRIANÇA
Flor nascida da
mulher
polinização pelo
pássaro – homem,
encanto da vida,
esperança
que o tempo
desenvolve em amor.
Sorriso de Deus, anjo
a brincar
de gente com tudo que
vê e toca.
Fruto do amor que dá
alegria,
vive e faz do tempo a
festa
no recanto da família,
onde evolui
para a beleza da
juventude
dos sonhos a realizar
na vida.
Paulo Motta
A ROSA AMARELA
Desabrochou no meu jardim
cheia de graça e tão singela
como um bebê enviado a mim
a flor inesperada, a rosa amarela.
O sol nela se escondeu delicado
como se nela se reproduzisse
em vida vegetal transformado
ocultando o que a ela disse.
Mas todos que a vêem, luz
contemplam com admiração
luz do sol, carinhosa reluz
tímida ao ser olhada na mão.
Eu a plantei com muito carinho
mais como um pai que jardineiro
Dias e dias olhava a terra, o ninho
onde nasceria o meu amor caseiro.
Mostro a meus amigos orgulhoso.
se todos acham-na muito linda;
sinto-me feliz, um poeta amoroso
por ela muito mais amado ainda.
Minha querida loura flor perfumada
se tua existência é fugaz, a ti na tela
te eternizarei, e serás vista e amada
por quantos dirão: é a rosa mais bela.
Teu perfume estará nos corações
presente, pois toda beleza é perfume,
suscita sempre nas pessoas emoções
e eu sabendo, ouvindo não terei ciúme.
Paulo Motta
Lua que nasce nas noites
me fazes ver o mundo.
Como um sonho
do qual não desejo acordar.
Iluminas minha alma
acariciando meus desejos;
que aqueces os corações
dos namorados
Abrandando a luz do sol,
da inteligência
e ajudando-nos a sentir
as emoções do amor
Que seria o Mundo sem a tua
presença suave,
deixando-te desnudar
na mente sensual do coração humano...
Se posso formular um desejo
é que apareças toda noite...
VEM...!
Autor: Paulo Motta
MEU PÉ DE GOIABA
Não posso me
esquecer dele, bem
de frente à
estação. Dele eu me
apropriei e nele passava horas
depois
de ter apanhado uma linda goiaba.
Nunca acreditava não haver sequer
uma linda esperando por mim, e lá
ia eu subir no pé da goiabeira
para
buscá-la onde estivesse, sem
receio.
Galho de goiabeira não quebra não
e jogar pedra para derrubar
goiaba
nem pensar, a menina merece todo
carinho e na mão deve ser
apanhada.
Quando uma garota pedia uma
fruta,
então o carinho no apanhar e
ousadia
a demonstrar era tudo bem ensaiado,
uma liturgia que só moleque conhece.
Certa vez subi numa goiabeira
carregada
para agradar uma moça, quando
todos
diziam que eu não daria conta,
galhos
finos... Fui bem alto, e o pé
caiu comigo.
Trepar em pé de goiabeira até
hoje me
atiça e não sei se por saudade ou
amor.
A minha infância ainda está toda
comigo
e
às vezes me instiga a fazer diabruras.
Paulo
Motta.
Encantamento
O encantamento é a atitude
do ser humano diante
da vida,
das suas
circunstâncias,
da natureza e das
pessoas.
O próprio Deus se
encantou
com sua criação e viu
a beleza
de tudo o que criara.
Encantou-se
e sempre se encanta
porque cada dia é dia
da criação, do novo;
nada se repete.
É encontrar o rosto
do Senhor em todos
e em tudo e, como
criança que brinca e diz,
achei e Ele se
encanta com a nossa descoberta.
O café com a família,
o rosto
da mulher amada, os
olhos dos filhos...
o pão de cada dia no
milagre
da multiplicação
diária operada
pela providência do
Pai que, que na fartura
cria seus filhos,
suas criaturas.
Encantamento é
encontrar o próprio coração
no coração de quem o
encontrou, que encontra
o seu coração na
alegria da convivência
feita de afeto e
comunicação fraternas.
Fé e encantamento: as
paralelas da vida,
a poesia e a música,
o caminho da felicidade.
“Os pássaros são
sábios porque não discutem,
cantam. Cantar é o
jeito mais puro de entender
a vida. A coruja
doutorou-se em filosofia
por isso não canta”. Abra
as janelas da vida,
deixe o sol entrar.
Seus olhos são a janela
de sua alma, olhe
sempre com os olhos do coração,
com emoção, com o
olhar ingênuo, você ainda
não o perdeu, ame com
os olhos da criança
que ainda existe em você. Olhe para o mundo
com o olhar de quem
vê o desabrochar do botão
de uma rosa, carinho
do universo.
O encantamento o faz
cantor da vida com
a capacidade de seus
olhos que colore o mundo,
pondo no ser as cores
de um prisma de cristal.
Autor: Paulo Motta
AS ALIANÇAS
Essas lindas alianças em nossos dedos
são cúmplices da felicidade sem medos.
A luz do nobre ouro usado por nós
testemunhará o que diz nossa voz.
Ao olharmo-nos, olhos nos olhos fitos,
dentro de nós moramos, após os ritos,
eu em ti, tu em mim, numa só alma,
vivendo um amor, uma ternura calma.
Jesus abençoou e conosco ficou
seremos fiéis e felizes, Ele determinou.
Dançaremos então uma valsa lenta
pois nossa vida um sonho de ouro acalenta.
De novo me caso com você, pois te amo
com amor sincero e único. Então te chamo
para colocarmos nos dedos as alianças
de um amor eterno serão as fianças.
Crescimento
A vida cresce com os anos
de experiência e convivência
com amigos que fazem da nossa
existência momentos únicos
como um presente do céu estrelado
de nomes e pessoas que brilham
e fazem das nossa noites de saudade
instantes de sonhos, poesias e músicas.
Aprendendo com Rubem Alves:
“O amor tem o poder mágico
de fazer o tempo correr ao contrário;
o que envelhece é a rotina, o enfado,”
sorrir com amigos e com a visão,
das flores, de uma mulher sorrindo...
ser sempre aprendiz da alegria, pois
o pecado do mundo é a falta da alegria,
nas pequenas felicidades dos momentos.
Cada novo amigo é uma estrela
que nasce no nosso céu existencial
e então crescemos independentemente
da idade que temos, da vida que
já vivemos, dos caminhos já caminhados
sempre em busca de nós mesmos,
no espaço, no tempo e lugar
onde fomos plantados para existir.
Paulo Motta
Bendita a vida...
Rios somos em nossa vida
e corremos paralelos.
Somos amigos...
Que bom corrermos juntos
para as grandes águas do Mar
que buscamos sem cessar,
tanto alimento em nossas águas
para alimento nosso e das comunidades que lançam
suas redes e se alegram com os frutos nos rios existentes,
com fartura de amor, compreensão e amizade.
Somos criadores de vida, distribuidores de dons
para os que navegam nas águas de nossa vida,
ou que mourejam ao longo de nossa existência
integrando a paisagem dos rios das nossas vidas
e bendizem o que somos e temos a lhes oferecer
como o milagre da multiplicação que o criador opera
através de nós.
Bendita a vida que não é vazia nem inútil,
como rios onde não há vida.
Paulo Motta
Goiânia, GO
16.05.2012
Demos Graças
Após a chuva as plantas
se alegram e são agradecidas,
gratidão perfumada, brincalhona,
como nós, pela alegria de viver;
nossos olhos são encantados,
vivemos irmanados com a natureza,
não somos estáticos, existir tem sentido
de conviver de maneiras próprias,
mas em tudo há beleza a ser curtida,
desde o céu estrelado ao pequenino
grão de areia que namora a estrela.
Assim precisamos ver a vida
e dar graças ao Criador
por estarmos vivos e participarmos
de todos os momentos mutantes
que nos causam felicidade e conforto
ao pensarmos que o mundo em evolução
caminha para o infinito,
o ômega do tesígnio de Deus
o Pai da imensa família
criada, amada e esperada
de volta ao princípio criador.
Paulo Motta
AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
No coração aberto pela cruel lança
a raiz do amor invisível nós vimos,
da ternura com que o mundo amaste.
A última ceia quiseste comer,
teu corpo como alimento nos deixaste.
De tal modo o Pai o mundo amou
que seu Filho amado nos doou
e o Filho amado, para completar,
conosco ficou, quando ao céu voltou
prometendo para lá nos levar.
Jesus, a nós vieste o fogo trazer
desejando os corações incendiar
e a vida do Pai dar a conhecer,
e nos disseste que assim desejavas
não servos mas amigos nos chamar.
O teu coração imenso e generoso
a Pedro,olhando, fizeste chorar,
qual bom samaritano carinhoso
ao bom ladrão contigo quis levar.
e a nós tu dizes ter no coração.
A tão grande amor por nós mostrado
possível é alguém insensível ser
não se apaixonando pelo amado
e aos irmãos servir em seu viver
como teu mandamento nos deixou?
Triste é dizer, há muita indiferença,
a ingratidão de muitos se apossa
teu coração de grandeza tão imensa
quis refazer toda vida nossa.
C’os mais pobres queremos reparar.
A Margarida Alacoque, então pediste
pra tuas mágoas a todos divulgar
u’a grande festa para nos lembrar.
Qual Madalena o pecado insiste:
lágrimas de amor vamos derramar.
A arca da aliança, para os judeus,
povo escolhido do velho testamento.
Teu coração é sacrário de Deus.
Por Ti , do batismo no sacramento
Filhos nos tornamos pela água e unção.
Hoje então há de ser dia de reparação,
a volta ao amor, ó, delícias do Pai.
Em ti estamos, no teu coração,
quem a Ti ama, por Deus é amado
entregue a Ti, de teus braços não sai.
Em nossas vidas e em nossos lares
Jesus e sua mãe bendita estarão.
Entronizando, aí, suas alegrias
mais agradáveis, disseste, terão
juntos de nós na humana família.
Do teu coração águas jorrarão
de vida eterna, que o Espírito Santo
trará para que tua Santa Igreja
reparta, os frutos da redenção
que em pentecostes vieram para tanto
Hoje e sempre o coração cantará
com o vosso apóstolo Paulo: quem
nos separará do amor de Cristo,
que por nós se entregou. Quem será?
unidos o Espírito nos fará.
Paulo Motta
ALEGRIA, A FESTA DA VIDA
Cantam todos os pássaros
acordando e despertando todos,
em modalidades diversas
encantados com a vida.
Canta o riacho entre pedras
um murmúrio acariciante
alegrando suas margens.
Cantam os montes felizes,
dourados ao nascer do sol
que qual esposo sai de seu quarto
como herói, alegre, percorrendo
o seu caminho, saindo de um
extremo do céu. Seu percurso
vai até outro lado, nada escapa
ao seu calor de vida e energia.
Adentra pelos lares em sono
e todos acordam olhando-o pela
janela, celebrando a vida. Todos
se movimentam apressados
buscando suas tarefas e afazeres.
As flores fazem cantar os poetas
nas cores múltiplas de suas
pétalas e no perfume inebriante
e até mesmo estonteante como
a dama da noite. Diz-se que as
flores não falam, simplesmente
exalam seu perfume, que perfume...
mas contemplado-as... como são
alegres contagiam em êxtase
de alegria comovida. Suas pétalas
guardam gotas de orvalho que como
brilhantes são semeadas no solo.
As árvores balançam suas folhas
Saudando o sol e a vida do novo dia.
Os beija-flores vêm colher o néctar
deixando um beijo agradecido em
cada flor, levando delas um
a “rivederci, au revoir...”
A alegria da vida se expande
por toda a natureza, fazendo
de cada novo dia uma nova festa.
As crianças buliçosas com seus gritos
são uma orquestra sem maestro...
O amor em relações familiares
ou entre amigos, sorri em felicidade.
A aragem a todos acaricia participante
e brincalhona, passando e indo além,
sem ser vista, sem incomodar.
Há uma poesia no ar sonoro, celebrando
a convivência na mãe natureza...
E o mundo gira e ninguém se dá conta,
o tempo foge inexorável
ao compasso da música das “quatro
estações”, obra de Vivaldi na alegre
dança da vida, com todas as criaturas.
Como disse o anjo da anunciação
a alegria é para todo o povo, motivado
pelo êxito ou pela fundada esperança
de que ser feliz é possível e obrigatório,
ficando como marco a palavra do Mestre
“venho ver-vos de novo e então ninguém
poderá vos tirar a alegria que vos trouxe.”
Paulo Motta
A varanda de meu apartamento
Meu apartamento tem um jardim.
O jardim é lugar que me encanta
e me atrai para ver, contemplar, pensar.
Penso como Epicuro. A vida dos sábios deve
decorrer num jardim onde encontre
tranqüilidade e paz. Mas ainda onde, possa
encontrar e conversar com amigos, num ambiente
onde a natureza seja parte integrante de todos
os assuntos que instruem as pessoas
com a sua vida.
Assim decorre também a minha vida.
A rua abaixo chama-se Alameda das rosas.
Eu tenho na varanda cinquenta roseiras
a cada rosa nascida eu me encanto e me comovo,
beleza, perfume, cor, pétalas que desabrocham.
É uma história de vida e encantamento.
Mas cultivo também cinquenta orquídeas
estas perfumam o ambiente,
na simplicidade de sua beleza,
fazem-me pensar e sonhar
na presença de Deus quando passeava para
visitar o primeiro casal na jardim do Éden.
Tenho também beijos pendurados na tela de cordas.
Essas plantas passam os dias atraindo os olhares
dos caminhantes do parque que circunda o zoológico.
Ainda pela manhã as graças com sua brancura como flocos
de algodão se instalam na árvore próxima ao lago.
Se voam dão-nos o espetáculo de brancas asas delta.
Os pombos, fazem seus exercícios matinais em revoadas
Razantes, vão e voltam e somem para outros paramos.
Cantos matinais de passarinhos me acordam
e eu os vejo buliçosos em busca de alimentos e
da companhia das árvores, da grama e do riacho.
Vejo o pôr do sol de cada fim do dia
dourando as nuvens e se despedindo de nós
enquanto cede espaço para a noite do sono
e descanso das criaturas, saudo-o como um amigo
de cada dia que me traz alegria, alento e tempo
para cuidar da saúde, dos negócios, do trabalho.
E quando começa a escurecer aparece Venus
brilhante que no céu cintila qual diamante.
Vendo o céu cravejado de estrelas
em suas constelações
com elas converso como amigos, elogio
sua beleza e elas me respondem com
sorrisos de namoradas ciumentas entre si
afinal, como diz o poeta, quem ama ouve e entende...
O mistério do universo me deslumbra, mundos
de fogo como sarças ardentes que não se consomem.
Meu amigo vento me visita várias vezes por dia
Sempre pergunto onde estava, de onde veio e para
onde vai, não diz, volta diferente a cada momento.
Ás vezes me avisa que Éolo abriu o controle
e aí terei ventania, que eu me cuide e me proteja.
Á noite as corujas agourentas se fazem ouvir no
bosque e os vagalumes querem mostrar onde elas estão
mas o pisca-pisca deles não dá para fixar o olhar nas aves.
O rugido do leão lembra a todos os descuidados
que o espaço tem dono, é território do rei
mesmo dormindo tem seu horário de rugir.
Mas minha varanda é espaço de encontro com amigos,
vinhos, queijos, castanhas e petiscos se misturam com as
piadas e os relatórios dos que não vieram participar.
O tempo para, as risadas são contínuas, os casos, ora
os casos... Basófias, provocações de quem já está alto...
Como é fácil ser feliz quando Baco está conosco...
E a vida lá fora, logo abaixo nem é percebida a menos que um barulho maior de carro ou um carro policial nos lembre
a diversidade da vida que interrompe o bem-estar.
Mas momentos de emoção, quando à noite vem chegando
trazendo-nos a nostalgia do barulho do dia, tocam os sinos
e sobe ao céu uma prece, a Ave Maria,
somos crianças de Deus.
Tudo o que se disse não foi para contar vantagem a qualquer
mas dizem que todos têm as próprias visões
na memória e no coração.
Paulo Motta
A água da minha jarra
Aqui estás diante mim, linda,
Cristalina e pura
Fonte de vida.
És a mais bela criatura
da mão criadora saída
mais preciosa que os alimentos,
vida do mundo e dos homens.
Preciso de ti e estás
à minha disposição.
Tens a forma do recipiente
e te acomodas com paciência.
Toma-me, dizes, quero
tua sede saciar.
Não quero tua gratidão
mas a integração contigo.
Tua sede me põe em expectativa.
Sabes? Isso se chama amor.
Tenho amor em minha vida
e ninguém tem mais amor do que
quem dá a vida pelo necessitado.
Toma-me sou toda tua,
Serei contigo, é meu jeito de ser.
Comovido, sentindo-me amado
com as mãos, trêmulas tomei a jarra
como se fora o corpo da amada!
Bebi a água do amor
senti-a me acariciar o corpo
e nos tornamos uma só vida.
Paulo Motta
A ESTRELA GUIA
Quando Cristo nasceu em Belém
No azul do céu distante uma estrela
Apareceu com brilhos de cometa,
Indicando o caminho onde Deus
Estava como menino recém nascido.
Os pastores que ao relento dormiam
Deslumbrados se perguntavam sinal
E é para nós, e vem de Deus criador
Que cuida das estrelas como das flores.
Seus mensageiros vão nos falar. E vieram
Ao brilho das estrelas como nas catedrais
Coros angelicais como nunca se ouvira
Cantavam as glórias do Altíssimo ao som
De órgãos cujos tubos eram as montanhas
E os sons inebriavam os humanos ouvintes
E as letras da música, as palavras dos cantos:
Gloria a Deus nas alturas e paz para os homens
Amados de Deus aos quais lhes deu seu Filho,
Ide e o vereis bebê deitado numa manjedoura
Com sua mamãe .Correndo pastores e ovelhas
Foram e viram e choraram de emoção e amor.
Voltando jubilosos jogavam beijos à estrela..
E a boa nova se espalhou levada pelo vento.
Nas cercanias de Belém os perfumes das flores
Era o mistério de uma presença escondida.
E a estrela foi brilhar noutros páramos
Bem distantes para chamar piedosos sábios
Que logo viram nela a anunciada nas sagradas
Escrituras e a realização da promessa. Apressados
Cavalgando seus camelos foram até Jerusalém.
Mas aí a estrela sumiu com risco de perderem
O caminho. Acharam informações e saindo viram
De novo a estrela brilhando com mais fulgor
E assim chegaram com seus presentes regionais
.Adorando o Menino entregaram suas riquezas.
Mas o caminho de volta foi outro para burlar
O pedido do malvado rei que,sentindo-se
Ameaçado de perder o trono tramava matar
O rei recém nascido, Filho de Deus e de Maria.
Se mal não fez a Jesus outras crianças foram
Sacrificadas em seu nome. Ele fugiu para o Egito
E quando de lá voltou trazido por José,
Foi morar em Nazaré, terra sem prestígio
Que seria glorificada pela sua residência,
Ali entre os pobres e pescadores da região.
Desde então a estrela guia continua sua missão:
No mistério do Natal, chamando os que olhando
Para o céu estrelado procuram Jesus entre
Os pobres e lhes oferecem amor e ajuda
Tornando-se discípulos e amigos do Senhor.
Paulo Motta
A água
Água límpida e pura
criatura predileta de Deus,
vida da terra e dos animais,
água dos oceanos, impetuosa,
sugere o infinito , força contida.
Pelas águas singram os grandes navios
transportando as riquezas da terra,
o trabalho dos homens...mares
das ressacas, dos mistérios antigos,
mares da separação e da união,
de águas profundas de pontos abissais.
águas dos mares e das espumas que
brincam nas praias de areias macias,
água corrente dos regates e rios,
água guardada, reservada
no interior profundo da superfície,
água refrescante para o corpo,
para a bebida .Água das chuvas
que caem para o banho da terra
e fertilidade das plantações.
Neve de brancura inigualável,
do orvalho noturno sobre as flores,
sereno das madrugadas, garoa
repentina e poética. Água das piscinas
onde atletas e crianças se deleitam.
Água, morada dos peixes, criadora
das vidas, onde brincam os golfinhos,
navegam as baleias brincalhonas, imensas.
Água dos lagos que espelham
o azul do céu com suas nuvens de algodão.
água do meu batismo, unida ao Espírito
faz a renovação da vida humana
para a vida nova de filhos de Deus
com Jesus Cristo,declarado amado
do Pai,Filho de suas complacências.
Como gostaria de cantar as tuas maravilhas,
minha irmãzinha humilde e serviçal
vida a serviço da vida...
Porém, prefiro cantar em rogações orantes:
“Ó água pura, ó água santa
Vem purifica a minha vida
Dá-me da neve a brancura
E um coração sincero, forte, grande e puro”.
Paulo Motta
Vejo-as aos pares brincando no ar
visitando as flores, beijando-as
trazendo recados de outras flores,
cúmplices dos anseios de vida a comunicação.
Muitas são folhinhas de papel motorizadas,
exibindo sua graça, provocando sonhos...
Há as desenhadas com arte divina
esquivas, amantes das florestas, objeto
de caçadores de belezas e raridades.
Todas elas são sonhos que passam,
momentos de encanto, símbolos
da beleza e leveza do ser.
Borboletas desenvolvidas em casulos
depois de as largatas se alimentarem
das folhas de amoreiras muitas
ressuscitam para uma vida espiritual ao sopro dos ventos e aos perfumes das flores.
borboletas, criação divina, diversão sobrenatural
símbolos da vida humana nascida na terra buscando as alturas nos ziguezagues do tempo.
“Somos sempre menores que nossos sonhos,
mas sonhamos sempre mais do que somos”.
Paulo Motta
O encantamento é a atitude
do ser humano diante da vida,
das suas circunstâncias,
da natureza e das pessoas.
O próprio Deus se encantou
com sua criação e viu a beleza
de tudo o que criara. Encantou-se
e sempre se encanta porque cada dia é dia
da criação, do novo; nada se repete.
É encontrar o rosto do Senhor em todos
e em tudo e, como criança que brinca e diz,
achei e Ele se encanta com a nossa descoberta.
O café com a família, o rosto
da mulher amada, os olhos dos filhos...
o pão de cada dia no milagre
da multiplicação diária operada
pela providência do Pai que, que na fartura
cria seus filhos, suas criaturas.
Encantamento é encontrar o próprio coração
no coração de quem o encontrou, que encontra
o seu coração na alegria da convivência
feita de afeto e comunicação fraternas.
Fé e encantamento: as paralelas da vida,
a poesia e a música, o caminho da felicidade.
“Os pássaros são sábios porque não discutem,
cantam.Cantar é o jeito mais puro de entender
a vida. A coruja doutorou-se em filosofia
por isso não canta”.Abra as janelas da vida,
deixe o sol entrar. Seus olhos são a janela
de sua alma, olhe sempre com os olhos do coração,
com emoção, com o olhar ingênuo, você ainda
não o perdeu, ame com os olhos da criança
que ainda existe em você.Olhe para o mundo
com o olhar de quem vê o desabrochar do botão
de uma rosa, carinho do universo.
O encantamento o faz cantor da vida com
a capacidade de seus olhos que colore o mundo,
pondo no ser as cores de um prisma de cristal.
Paulo Motta
É místico o sentido da Alegria
é falar, ver, ter você como amigo,
é sentir seu cheiro mesmo distante.
É ouvir seu tom inconfundível
e deleitar-me nesse momento
é falar, ver, ter você como amigo,
é sentir seu cheiro mesmo distante.
É ouvir seu tom inconfundível
e deleitar-me nesse momento
sentindo você bem perto de mim.
Fico feliz e encho-me do perfume
de um jardim florido de repente
e fico a sonhar com estrelas.
Sinto a presença de águas de regato
silencioso e refrescante.
Encho-me da vontade de cantar.
Sem um porquê aparente ,louco?
A loucura de me sentir feliz, em paz.
Sentir-me abraçado estando sozinho.
Alegria é poder curtir cada momento
com o som que o vento me traz
que me embala como um gorjeio doce
de pássaro raro cantando para mim.
Alegria é saber que sou feliz
como sou e com o que tenho,
vendo somente o presente
como presente que não pedi
nem mereci e vou curtir com
quem me deu por amor a mim.
Alegria é ver você chegando
ausente e presente a meu lado,
mas minha alegria
não é completa, porque
é insaciável, espera mais,
como de novos acordes
de uma sinfonia do coração.
Não falo de prazer uma vez que
o prazer logo se farta e está
ligado à participação do corpo,
ainda que beijos tragam alegria
mas se focam mais no prazer.
Minha alegria é sincera e brota
do sentimento e do sonho acordado.
Autor: Paulo Motta
2012
José Pagola escreveu um dos melhores textos sobre a vida de Kesus.O que é apésentado nesse blog é um favo de mel de uma nova visão è contemporâneo e desafoia o homem de hoje a aceitar o Salvador como Ele é ainda hoje.Fiquei feliz em ler a mensagem postada.Desejaria conhecer outros textos para conhecer ao menos algumas partes do livro.Obrigado, Paulo.Continuje!...Lucas Faria.
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