A casa onde nasci tinha um jeito risonho.
tinha um quintal com mangueiras
e alguns pés de pitangas
e um pequeno jardim
de cravos e roseiras
e uma cisterna cheia de água de chuva
e um alpendre com redes sempre armadas.
Na frente, um portão velho que rangia
como se dissesse coisas tristes a quem por ele passava.
E dentro da casa onde nasci,
um corredor sem fim corri não sei par aonde,
nem sei porque corria
o corredor sem fim da casa onde nasci,
nem sei para onde.
A casa onde nasci era feia, era linda,
era antiga, era nova.
Era a casa, era ela, era eu,
e me era.
Era úmida e escura,
mas sempre achei-a clara
e com o humano calor de um abraço amigo.
Úmido é o mundo
escuro é o mundo depois dela.
O mundo fora dela é que é escuro e úmido.
Autor: Daniel Lima

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