2 de fev. de 2015



Revolução e Comunismo


Entre a sociedade capitalista e a sociedade comunista medeia o período de transformação revolucionária da primeira na segunda. A este período corresponde também um período político de transição, cujo Estado não pode ser outro senão a ditadura revolucionária do proletariado. (MARX, s.d.; p. 220).

As reticências de Marx em relação à democracia representativa e aos valores liberais e, principalmente, o problemático conceito de “ditadura do proletariado”, estão diretamente relacionados com o caráter repressivo dos regimes totalitários comunistas do século XX que se apresentavam como a concretização das idéias marxistas e ceifaram a vida de milhões de seres humanas.
Embora Marx estivesse profundamente envolvido na lutas de seu tempo, ele não pôde ver os resultados da revolução socialista pela qual tanto lutara. Aliás, depois da sua morte, o movimento socialista se dividiu em duas correntes diferentes. Cada uma deles apontava caminhos distintos para a construção do comunismo:

a)      socialistas revolucionários: afirmavam que o caminho para o socialismo é a insurreição política (ou revolução);
b)      socialistas reformistas ou social-democratas: afirmavam que o caminho para o socialismo é a democracia e um conjunto de reformas econômicas e sociais graduais.

Os socialistas revolucionários se organizaram em torno da III Internacional e forma os responsáveis pela primeira revolução socialista do mundo: a Revolução Russa de 1917. Liderada por Lenin (1870-1924) e Trotsky (1879-1940), a revolução bolchevique representou a principal tentativa de suprimir o capitalismo, substituindo-o por outro sistema econômico. Todavia, a primeira grande experiência de “socialismo real” mostrou-se apenas como uma ditadura totalitária com economia estatizada, cujos elementos autoritários foram exacerbados sob a liderança de Josef Stalin (1879-1953), eliminando a vida de milhões de pessoas. As contradições na URSS (União das Repúblicas socialistas Soviéticas) acabaram levando ao fim do comunismo (a partir da queda do Muro de Berlim, em 1989) e provocaram um profundo questionamento sobre os limites teóricos e as conseqüências sociais e políticas trágicas que derivaram da tentativa de concretização dos ideais políticos de Marx.
Já os socialistas social-democratas optaram por participar das eleições. Com partidos operários fortes e com sólida vinculação com os sindicatos chegaram ao poder. Introduzindo reformas graduais, mas profundas, eles achavam que podiam alterar o capitalismo e construir o socialismo sem rupturas violentas. Ao longo do século XX, além de aceitarem a democracia representativa como único método legítimo de disputa do poder político, os partidos social-democratas abandonaram o socialismo como ideal e concentraram-se na melhoria da vida dos trabalhadores mediante a institucionalização dos direitos sociais e regulação dos mercados através do chamado Estado de Bem-estar Social (Welfare State).

Livro: Sociologia Clássica
Autor: Carlos Eduardo Sell

Nenhum comentário:

Postar um comentário