O Dia Mundial da Paz, inicialmente chamado simplesmente de
Dia da Paz foi criado pelo Papa Paulo VI, com uma mensagem datada do dia 8 de
dezembro de 19671 , para que o primeiro fosse celebrado sempre no primeiro dia
do ano civil (1 de janeiro), a partir de 1968, coisa que acontece até hoje.
Dizia o Papa Paulo VI em sua primeira mensagem para este
dia: "Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a
celebrar o Dia da Paz, em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1 de
Janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a
repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o
caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico
equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro".
A proposta de dedicar à Paz o primeiro dia do novo ano não
tem a pretensão de ser qualificada como exclusivamente religiosa ou católica.
Antes, seria para desejar que ela encontrasse a adesão de todos os verdadeiros
amigos da Paz, como se se tratasse de uma iniciativa sua própria; que ela se
exprimisse livremente, por todos aqueles modos que mais estivessem a caráter e
mais de acordo com a índole particular de quantos avaliam bem, como é bela e
importante ao mesmo tempo, a consonância de todas as vozes do mundo, consonância
na harmonia, feita da variedade da humanidade moderna, no exaltar este bem
primário que é a Paz.
Completava ainda o Papa Paulo VI: "A Igreja católica,
com intenção de servir e de dar exemplo, pretende simplesmente lançar a ideia,
com a esperança de que ela venha não só a receber o mais amplo consenso no
mundo civil, mas que também encontre por toda a parte muitos promotores, a um
tempo avisados e audazes, para poderem imprimir ao Dia da Paz, a celebrar-se
nas calendas de cada novo ano, caráter sincero e forte, de uma humanidade
consciente e liberta dos seus tristes e fatais conflitos bélicos, que quer dar
à história do mundo um devir mais feliz, ordenado e civil".
Pouco antes da virada do ano, na noite desta quarta-feira
(31), cerca de dois milhões de pessoas reunidas para festejar a chegada de 2015
na Praia de Copacabana assistiram a um vídeo de pouco mais de 7 minutos
produzido pelo Vaticano, no qual o Papa Francisco declara seu amor à cidade do
Rio de Janeiro que, em 2015, completa 450 anos. Exibido simultaneamente em
todos os telões espalhados pela praia, o vídeo mostra o papa lendo uma mensagem
especial para o povo brasileiro e os cariocas, a quem ele classifica de 'povo
corajoso e alegre que nunca se deixou abater pelas dificuldades'.
Em sua mensagem, o pontífice diz que, da perspectiva do
Cristo Redentor, do alto da cidade, saltam aos olhos, em primeiro lugar, a
beleza da cidade, mas também 'contradições que mancham esta beleza', como as
desigualdades sociais. Ele pede, em seguida, que ninguém fique de braços
cruzados, a exemplo de um dos maiores símbolos da cidade.
Nesta mesma noite, após missa realizada no Cristo Redentor
pelo cardeal Dom Orani Tempesta, foi inaugurada a nova iluminação do monumento.
O Papa Francisco também relembrou sua passagem no Rio em
2013 na Jornada Mundial da Juventude, quando a cidade o recebeu de "braços
abertos".
Leia na íntegra a mensagem enviada pelo Papa Francisco:
"Querido povo brasileiro,
É com grande alegria que me dirijo a vocês, às vésperas do
Ano Novo, que marcará o início das comemorações pelos 450 anos de fundação da
Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, para saudar, numa tão feliz
circunstância, o amado povo carioca, que me recebeu de braços abertos por
ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2013, e acender o novo sistema de
iluminação da Estátua do Cristo, como fez o Beato Papa Paulo VI há cinquenta
anos, simbolizando a luz que o Senhor quer acender nas nossas vidas.
Quatrocentos e cinquenta anos já representam uma venerável
história; a história de um povo corajoso e alegre que nunca se deixou abater
pelas dificuldades, a exemplo de seu santo padroeiro, o Mártir romano
Sebastião, que mesmo depois de ter sido alvejado por flechas e dado como morto,
não deixou de dar testemunho de Cristo aos seus contemporâneos; a história de
uma cidade que desde o seu nascimento esteve marcada pela fé. Querido povo
carioca: «crê em Deus, e Ele cuidará de ti; endireita os teus caminhos e espera
n’Ele. Conserva o seu temor, e n’Ele envelhecerás» (Eclo 2,6)!
Hoje, se pudéssemos nos colocar na perspectiva do Cristo
Redentor, que do alto do Corcovado domina a geografia da cidade, o que é que
nos saltaria aos olhos? Sem dúvida, em primeiro lugar, a beleza natural que
justifica seu título de Cidade Maravilhosa; porém, é inegável que, do alto do
Corcovado, percebemos igualmente as contradições que mancham esta beleza. Por
um lado, o contraste gerado por grandes desigualdades sociais: opulência e
miséria, injustiças, violência... Por outro, temos o que poderíamos chamar de cidades
invisíveis, grupos ou territórios humanos que possuem registros culturais
particulares. Às vezes parece que existem várias cidades, cuja coexistência nem
sempre é fácil numa realidade multicultural e complexa. Mas, diante deste
quadro, não percamos a esperança! Deus habita na cidade! Deus habita na cidade!
Jesus, o Redentor, não ignora as necessidades e sofrimentos de quantos estão
aqui na terra! Seus braços abertos nos convidam a superar estas divisões e
construir uma cidade unida pela solidariedade, justiça e paz.
E qual seria o caminho a seguir? Não podemos ficar “de
braços cruzados”, mas abrir os braços, como o Cristo Redentor. Por isso, o
caminho começa pelo diálogo construtivo. Pois, "entre a indiferença
egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O
diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo"
(Discurso à classe dirigente do Brasil, 26 de julho de 2013). Neste sentido, é
preciso reconhecer que, independentemente do seu grau de instrução ou de riqueza,
todas as pessoas têm algo para contribuir na construção de uma civilização mais
justa e fraterna. De modo concreto, creio que todos podem aprender muito do
exemplo de generosidade e solidariedade das pessoas mais simples; aquela
sabedoria generosa de saber “colocar mais água no feijão”, da qual o nosso
mundo ressente tanto.
Queridos amigos, tenho a certeza de que a Cidade Maravilhosa
tem muito a oferecer ao Brasil e ao mundo. Por isso, ao acender as luzes do
Corcovado, faço minhas as palavras pronunciadas pelo Beato Papa Paulo VI, no
dia 1º de janeiro de 1965: que "esta luz, iluminando a cidade do Rio de
Janeiro, se espalhe por todo o Brasil" (Paulo VI, Insegnamenti, III).
Assim, depositando aos pés de Nossa Senhora Aparecida estes votos e agradecendo
ao Cardeal Dom Orani Tempesta pela oportunidade de poder lhes dirigir esta
mensagem, felicito todos os cariocas e o povo brasileiro por esta “festa de
aniversário”, pedindo, por favor, que rezem sempre por mim. E desejando um
feliz ano de dois mil e quinze, a todos e cada um envio a minha Bênção
Apostólica. Obrigado."
Postagem
Masé Soares
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