7 de nov. de 2014

Os acordos da água


Apesar da crescente escassez global de água, a história mostra que até mesmo países inimigos podem entrar em acordo para racionalizar o uso do recurso. É bem melhor para todos. 
O alto número de Rios partilhados e a escassez de água para populações em crescimento já levaram muitos políticos e estudiosos a alardear futuras "guerras pela água". Em 1995, por exemplo, o então vice-presidente do Banco Mundial, Ismail Serageldin, afirmou que "as guerras do próximo século serão motivada pela água". Invariavelmente, esses avisos apontam para o árido e hostil Oriente médio, onde exércitos já trocaram tiros por causa desse recurso escasso e precioso. Elaboradas teorias do "imperativo hidráulico" citam a água como a principal razão para estratégias militares e conquistas territoriais, sobretudo no conflito árabe-israelense. 
O único problema com o cenário paranoico é a falta de provas. Em 1951-1953 e em 1964-1966, Israel e Síria confrontaram-se em decorrência do projeto sírio de desviar o rio Jordão, mas a ação final, envolvendo ataques com tanques e aviões, parou a construção e liquidou as tensões entre os países nessa área. 
A água teve pouco ou nenhum impacto no pensamento estratégico dos militares na subsequente violência árabe-israelense, incluindo as guerras de 1967, 1973,1982. Mas foi uma fonte subjacente de estresse político e um dos temas mais difíceis em negociações posteriores. Em outras palavras, mesmo que as guerras não fossem uma disputa pela água, os acordos de partilha foram um impedimento para a paz. 


Revista Planeta - Edição 504
Nov/2014

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