28 de ago. de 2014




A VIDA


“Será que alguma vez vamos entender o que pensamos?” (Jung)

Será que alguma vez vou entender a minha vida? Será que vou poder entendê-la? Tudo é contra ela: o estranho eu enraizado dentro de mim, o moralista querendo justificar-se, o mentiroso fazendo de fábulas.
Hannah Arendt alega que o único motivo de todos os seus escritos é compreender algo. Mas ela deixa para nós a obscuridade da palavra “compreender”.
Compreender: na realidade isto significa conquistar algo (de outra maneira não seria tão importante).
Será que existe um caminho para a compreensão que não implique possuir, não possuir aquilo que compreendo? Digamos, por exemplo: Perder-se num conto e ficar preso nele, numa armadilha sem saída...
O que é a minha vida senão um conto assim? Como seria possível fazer esse conto falar? Tão somente como uma realidade que possa ser narrada; portanto, de forma alguma como realidade, a menos que eu consiga descobrir o seu conteúdo oculto, as molas que movimentam o teatro de marionetes que é a própria vida.

Livro: Eu, um Outro.
Autor: Imre Kertész

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