19 de ago. de 2014


Saci Pererê
Boitatá

Entre Vida e Símbolos


Mula sem cabeça

Matinta-Pereira
Você viu Saci-Pererê, Curupira, Iara, Boitatá, Lobisomem, Boto, Matinta-Pereira ou Mula-Sem-Cabeça? E já dançou quadrilha, ou fez tratamento com medicina popular? E que tal a gente cantar:

Capelinha de melão
É de São João
É de cravo, é de rosa
É de manjericão...”

“Capelinha de melão” é uma das inúmeras cantigas que há muitas gerações alegraram a todos. Faz parte do nosso folclore, comemorado no mês de agosto. O folclore brasileiro, de norte a sul, possui uma imensa variedade de tradições, crenças e lendas, presentes no cotidiano do povo. O folclore, ou a cultura popular, pode ser percebido na alimentação, na linguagem, no artesanato, nas danças, na cantoria, na religiosidade e até nas vestimentas.
Para Sebastião Geraldo Breguez, secretário-executivo da Comissão Mineira de Folclore e pesquisador do tema, o folclore resgata estórias que a história oficial não estuda e as apresenta para as pessoas, o que contribui para que elas mantenham a identidade cultural e o equilíbrio psicossociocultural.
Basta ie a uma festa popular, onde se apresentam os grupo de congado, folia de reis, pastorinhas e outros, para perceber o quanto as pessoas se sentem orgulhosas em participar da fé popular. A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) adota uma frase bem interessante: “Quando morre um mestre popular, uma enciclopédia se apaga”. Isto porque a sabedoria popular se estrutura na oralidade, na tradição, e é passada de pais para filhos pela proximidade.
“O folclore mostra muita coisa que o povo desconhece, ou não conhece porque o aparelho educacional do Estado mostra apenas a cultura da elite” - observa Sebastião Breguez. E foi a própria Unesco que, em 1948, incentivou os países membros da Organização das Nações Unidas a incluir no currículo escolar o estudo do folclore como elemento fundamental da raiz cultural dos povos. A partir daí, criaram-se as comissões de folclore em todos os países, inclusive no Brasil, com o objetivo de fortalecer as culturas locais e regionais, evitar a invasão de outras culturas e a perda da identidade dos povos.
Felizmente, o trabalho de pesquisa do folclore tornou-se reconhecido e entrou para o currículo escolar, desde o Ensino Fundamental até o Superior. Um exemplo é a medicina popular das folhas e raízes, que era vista como coisa de gente inculta. “hoje muitos fazem uso dessa medicina e com muita freqüência” – lembra Sebastião Breguez. “Havia no passado recente um preconceito das tradições de origem indígena e africana e, agora, isto se incorporou à cultura oficial num processo árduo de integração” – afirma o pesquisador, completando que esse processo vem sendo possível graças ao trabalho dos estudiosos do folclore.
Na sala de aula – levar a cultura popular para a sala de aula é um avanço de grande importância, defendem os especialistas da área. “É preciso mostrar que na sociedade brasileira existe a cultura da elite, transmitida oficialmente pela escola e pelos meios de comunicação social, com base letrada e erudita, mas também existe a cultura vivida pelas classes populares” – explica Sebastião Breguez.
Hoje se tornou até mais fácil mostrar e estudar o folclore, porque a mídia se apropriou dele, seja nos programa jornalísticos ou mesmo nas novelas. “Isso contribui para sua aceitação. Assim, valorizamos mais nossas tradições, nossos mitos e lendas” – comemora o pesquisador.
A importância de levar o folclore até a escola aumenta quando pensamos que muitas crianças e jovens residem em grandes centros urbanos. Com o folclore dentro da sala de aula, passam a entender que ele está na base de nossas raízes culturais e faz parte da cultura brasileira.

Autora: Rosângela Barboza

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